terça-feira, 25 de setembro de 2012

Paleontologia




Em meio à desordem de papéis e instrumentos de trabalho que contrastam com a organização do escritório, um homem maduro de barba rala debruçado sobre um notebook segura um crânio, olha fixamente para certas protuberâncias, gira, olha de novo, finalmente levanta-se calmamente e o coloca em uma estante onde há vários outros crânios esbranquiçados.
A Serra da capivara no Piauí reserva biológica, lugar misterioso e belo, guarda segredos pré-históricos, o Dr. José O. Penski cientista catarinense já há algum tempo trabalha em estudo de fósseis humanos  em comunidades pré-históricas na região do semiárido nordestino.
Quão surpresos não ficaram os colegas de Brasília, quando ouviram no noticiário sobre o desmoronamento do grande paredão lateral na serra, as chuvas de janeiro, já haviam feito inúmeras vítimas em várias partes do país. Houve comoção nacional, quando se soube do desaparecimento do corpo do brilhante pesquisador, no meio de toneladas de rocha, lama e detritos que a enxurrada levou junto com galhos e parte das instalações.
Durante semanas a defesa civil e o corpo de bombeiros trabalharam sem cessar com equipes de voluntários, e ajuda que vinha de todas as partes do país. Houve poucos mortos e feridos em comparação com outras catástrofes no Rio e Santa Catarina.

O corpo do famoso cientista nunca foi encontrado, ele que estudava fósseis, dormiria para sempre entre os objetos de seu estudo, entre aqueles que viveram e morreram a milhares de anos nessas terras. Os jornais ingleses, franceses, a imprensa mundial divulgou notas sobre o caso lamentável e fizeram grandes homenagens aos mortos. O caso serviu para que o governo investisse mais em prevenção de enchentes no país, mas essas não deixaram de ocorrer com mais frequência até.

Segundo Carl Sagan na sua famosa série Cosmos, se a história do Universo fosse colocada em um ano, ou seja, 365 dias nós seres humanos, homo sapiens só teríamos surgido nas últimas horas do último dia do ano cósmico.
 Assim se passaram semanas, meses, anos, séculos, milhares de anos e nossa civilização mudada, alterada, transformada, deixa o planeta em busca de melhores condições no espaço, coloniza o sistema solar, vive ao abrigo de naves-cidade no sub-orbital de planetas grandes como Saturno e júpiter, hotéis de luxo para magnatas com vista para o Cinturão de asteroides, o firmamento bíblico, e colônias baratas no esqueleto de antigas e sucateadas estações orbitais estatais de países asiáticos, enquanto que a ISS com parte da velha MIR virou um museu fantasma para viciados e marginais do espaço.

A terra se recuperava da presença humana e quase ninguém pensava em vir aqui, quando uma equipe de pesquisadores de origem desconhecida pousava no nordeste, antigo semiárido, agora um cerrado semelhante à savana africana, após algumas buscas encontraram com ajuda de radares, diversos corpos que identificaram como sendo de humanos primitivos que habitaram a região há milhares de anos, estavam diante de fósseis humanos, talvez ancestrais dos que abandonaram este planeta e que são tão exóticos que merecem ser estudados, assim foi como o famoso paleontólogo foi parar numa caixa de vidro, junto com outros fósseis esbranquiçados, amarelados...