Final de Debate da
CRF 001. Leia aqui cada momento deste debate histórico entre dois grandes campeões, Alonso Prado e Jadiel Fioravante, sinta-se avontade para votar no debatedor que você mais gostou no Final do Texto.
Cultura das Armas e da Violência os E.U.A, com Consequente Massacre no Cinema do Colorado
Considerações Iniciais
Alonso Prado:
Saudações leitores desse debate e cordiais saudações Jadiel Fioravante.
O tema escolhido pelo meu adversário leva em conta o seu vasto e
inegável conhecimento prático sobre a cultura de armas e violência sem
precedentes nas comunidades cariocas conhecidas mundialmente como
favelas e ao seu fascínio pelo modo de vida no EUA.
Diante
disso, notoriamente chama a atenção dele que a sociedade americana seja
adepta do porte quase irrestrito de armas e devido a isto talvez esteja
enraizado no comportamento do povo certos traços de violência fora do
habitual ligado a armas de fogo como o massacre do cinema do Colorado.
Antes de tudo é necessário fazer uma rápida distinção sobre os dados do
enunciado do debate. Sendo o primeiro a cultura de armas no EUA, que em
suma decorre de um direito constitucionalmente garantido que cada
cidadão
porte armas para defesa pessoal e
patrimonial; fato também comum em outros países. Portar arma é um
direito que visa uma finalidade concreta de proteção tendo em vista uma
ameaça ou ofensa direta aos bens tutelados em lei como passíveis de
defesa por este meio, e não se liga de forma alguma a primeira vista aos
casos de violência generalizada e casos pontuais de massacres como o do
cinema Colorado e outros como o famoso caso do massacre de Columbine
também ocorrido no estado do Colorado.
Em segundo lugar temos o
termo trazido pelo Jadiel de “Cultura de Violência” a qual ele
necessariamente precisa conceituar melhor nesse caso, pois me parece um
tanto fora de base dizer que simplesmente no EUA existe uma cultura de
violência ligada ao fato de portar armas que gera casos como os
massacres acima citados.
A violência é uma realidade na vida
do ser humano desde os primórdios de sua história. Queiramos ou não o
homem vive em ambientes violentos independente da existência ou não de
armas de fogo. A violência é o uso duma força que visa intimidar e criar
danos dentro duma situação específica e que muitas vezes pode ser
concretizada por meios morais, físicos e psicológicos.
Vale
citar ainda que o Estado é o detentor do monopólio legal das medidas
violência armada permitidas “in societate”, pois seu aparato militar e
policial detém mais especificamente os meios necessários ao uso da
violência armada conforme a situação prevista em lei exija tal medida.
Por outro lado existe a violência criminal armada que visa impor seu
poder e usar isto como método de delinqüência na sociedade, bem como,
também conhecemos o terrorismo que além de meio armado de geração de
violência tendo em vista ideologias e concepções políticas, sendo que
isto é também um método de propaganda violenta que utiliza o uso
concreto de armas como propaganda em diversas situações.
Em
terceiro plano temos o caso concreto do massacre de Aurora o qual a
mídia noticiou estes dias e que causou comoção e revitalizou o debate
sobre as limitações de onde e de como se devem usar as armas de fogo no
EUA e como fiscalizar de forma mais qualitativa quem detém o direito de
adquiri-las e portá-las dentro dum liame objetivo de liberdade.
No Brasil temos o debate sobre o desarmamento imposto pelo governo
federal, mesmo sendo a maioria da população contrária a esta idéia. Este
assunto pode integrar também como contraponto esta discussão.
Entretanto, o Brasil tem uma cultura e influência muito menor em grau de
uso permitido como uso inadequado de armas de fogo em casos extremos.
Vale citar como exemplo o caso do massacre colégio do Realengo alguns
anos atrás, o qual traz em seu bojo elementos subjetivos semelhantes aos
casos dos massacres do Colorado.
Impor a tese que o simples
porte de arma de fogo é uma espécie de malefício que gera por si só uma
cultura de violência na sociedade civil e em conseqüência disso
massacres é uma tese descabida de propósito para este debate. Portanto,
espero que o Jadiel não seja simplório e demagogo trazendo um discurso
de “paz e amor” ou pacificista contra as armas alegando que tudo que
ocorre no EUA nesses casos está ligado exclusivamente ao porte de armas.
Espero que ele encare a questão de frente e por todos os lados na
medida do possível longe desse melodrama.
Para sistematizar de
forma mais específica o conteúdo desse debate, faz necessário esclarecer
que em sua origem o EUA é um país que em sua formação política e social
buscou fugir ao máximo do paradigma do absolutismo europeu. Os
imigrantes de maioria britânica que fundaram o EUA tinham em sua mente
uma nação livre e independente, onde cada pessoa tem o direito de
defender sua liberdade pelos meios legais permitidos sem que o Estado
interfira em sua vida e forma de pensar.
Nesta mesma época na
Europa temos casos concretos em que a população era desamparada em
diversos setores, inclusive não detinha armas de fogo como meio de
defesa contra ameaças até mesmo do próprio Estado opressor. Parece-me
com solar clareza que a chamada cultura americana de permissividade de
porte e uso de armas de fogo tem ligação direta com esta faceta
histórica.
Quanto à cultura de violência vale relembrar que no
ápice do Império Romano a violência era presente na sociedade com
diversas formatações. Uma delas eram os embates de gladiadores do
Coliseu em que não apenas a violência, mas a morte era encarados como
fatos típicos de sua época e aceitos de forma distinta de como
compreendemos as coisas hoje em dia. A violência está sempre presente
nas relações sociais duma forma outra, seja numa briga de bar ou em
algum caso de violência doméstica, e na maioria deles não há a presença
das armas de fogo como matriz dessa mesma forma de violência.
Para fechar devo trazer a baila que na sociedade, desde sempre,
existiram sociopatas e psicopatas que geram violência independente do
uso de armas de fogo. Existem esses indivíduos que por motivações mais
pessoais e degeneradas da natureza humana que causam massacres e crimes
onde a violência e requinte de crueldade são evidentes que não são
apenas ligados a uma cultura e ideologia, mas muito mais a uma torpeza
da sua natureza humana terrível.
Passo a palavra para o Jadiel para sua introdução.
Jadiel Fioravante:
Primeiramente quero agradecer a expectativa de todos por este debate.
Acho que as pessoas esperam um bom duelo neste primeiro Campeonato da
Ringue Filosófico e me esforçarei para proporcionar isso. Em segundo
lugar, quero também agradecer ao Alonso, grande debatedor, por ter
iniciado o debate e até agora ser compreensivo com minha demora.
Bem, antes de refutar algumas coisas da consideração inicial do meu
colega, gostaria de dissertar um pouco a respeito do tema. Sabemos que
os EUA são um país belicista, a sua tecnologia de guerra visa proteger
seus territórios e principalmente seus interesses econômicos. Desde a
Guerra de Secessão ocorrida entre 1861 e 1865, os EUA não enfrentam uma
guerra civil e maior parte de seus investimentos em armamentos foram
para campanhas de guerras externas.
Não digo que uma nação não deva proteger
os seus interesses, cada nação que proteja o seu interesse desde que
não desrespeite os direitos humanos e a soberania das demais nações, e
que realmente, a maior superpotência deve ser militarmente proporcional
ao seu patrimônio econômico. Porém, essa educação de defesa dos
interesses através de imposição de violência, seja na forma mais branda
delas, como um embargo econômico por exemplo, ou até o lançamento das
bombas atômicas, faz com que a insensibilidade dos cidadãos desse país
seja profundamente valorizada. A criança americana já aprende que sua
defesa é legítima em qualquer situação, vivem em um país que prega que
os interesses da nação devem ser mantidos em primeiro lugar, não importa
se por falso dossiê que alegava armas químicas no Iraque, para invadir,
ou se o motivo é para caçar um terrorista muito perigoso que se
escondia entre as montanhas do Afeganistão, enfim, os interesses da
nação americana justifica qualquer ato de violência. Esse é um ambiente
interno de cultura do Poder e Dominação maior entre todas as nações do
globo, o ambiente da sociedade propicia um clima de insensibilidade e
frieza frente aos outros. Esse cenário de pregação belicista tem
crescido nas últimas décadas e influenciado a sociedade em geral. Para
se ter uma ideia na guerra do Vietnã, a maior parte da sociedade
americana defendia a volta dos soldados para os EUA e o fim da guerra, a
popularidade do presidente Lyndon Johnson estava abalada e ele
desistiu da guerra, mas os jovens americanos dessa época estavam vivendo
ainda a era de “paz, amor e rock and roll” de Woodstock, a mente dos
jovens estava no coletivo e não no ego e na proteção do eu indiferente
aos sentimentos dos outros.
Os jovens americanos passaram por
uma transformação social e o ambiente interno do país também fortaleceu
essa ideia de domínio e poder. Tudo isso é causa dos recentes massacres
de jovens em escolas, salas de cinema e outros locais públicos naquele
país. Notem, senhores leitores, que em todos os países existem pessoas
insanas e desequilibradas, sociopatas em geral, mas o índice de casos de
atiradores são maiores nos EUA. Jovens que planejam meses todos os
detalhes para entrar e matar pessoas conhecidas, colegas de classe que
por vezes zombaram de alguma característica e por isso se tornaram alvos
de uma vingança e “acerto de contas”. Esses atiradores estão defendendo
os seus interesses, frios e insensíveis aos outros tal qual a pregação
da Casa Branca e do Congresso para políticas internacionais.
Os jovens americanos da sociedade atual estão “doentes” e vivendo em um
ambiente interno que supervaloriza os interesses individuais,
indiferente aos sentimentos alheios. Essa é a cultura da violência
aliada a cultura de um fácil acesso a armas, baseado na 2° Emenda
Constitucional que garante o direito do cidadão de portar armas para
defesa pessoal. Todos podem ter armas e a compra é sem restrições, pais
ensinam a seus filhos pequenos a manejar armas, mas esse não é o
problema. Não é o direito de cada pessoa possuir arma ou ser ensinado a
se defender que reside a discussão, mas a falta de restrições, e a
ideologia americana de primeiro atirar e depois perguntar, ou o
pensamento frio de que a vida humana pode ser tirada. Outros países que
possuem acesso fácil a armas, tanto que vemos em filmes lojas de armas
de fogo em esquinas,
tem o uso maior para caça esportiva e
recreativa e disputas de tiro ao alvo, como Canadá e Suíça. A finalidade
não é tirar a vida humana, mas o uso tem um sentido diferente do
incutido nos Estados Unidos.
Por isso, pergunto se tudo isso
não é um facilitador e juntos não explicariam os altos índices de
massacres desse tipo nas décadas recentes, 90 e 2000?
Antes na
sociedade americana o único tipo de “massacre coletivo” eram os
suicídios coletivos de seitas religiosas, mas o cenário mudou como
descrevi acima. Como falei, em todos os lugares habitam pessoas com a
capacidade de cometer tais atos, mas a minha proposta de debate é
mostrar que a sociedade americana está “doente” e essa cultura de
violência é um catalizador para encorajar tais atos por jovens.
Para encerrar minha primeira participação, gostaria de comentar esta parte da C.I. do Alonso.
“Quanto à cultura de violência vale relembrar que no ápice do Império
Romano a violência era presente na sociedade com diversas formatações.
Uma delas eram os embates de gladiadores do Coliseu em que não apenas a
violência, mas a morte eram encarados como fatos típicos de sua época e
aceitos de forma distinta de como compreendemos as coisas hoje em dia.”
O Alonso foi feliz neste ponto comparando as duas sociedades, tanto
Roma quanto EUA viveram apogeu e Roma também era belicista e cultuava a
violência com as lutas dos gladiadores e o Coliseu, porém essa
comparação para quando pensamos que estamos em uma época que privilegia a
cooperação e não domínio dos povos, vivemos em uma época em que as
nações são signatárias de acordos internacionais de direitos da
humanidade e que episódios medievais como extermínio de um povo inteiro
não é mais tolerado, enfim, uma nação não pode alimentar a violência em
quaisquer de suas formas, a violência não deve ser “alimentada” mas
usada em último caso, esgotadas as vias diplomáticas. Eu não sou
pacifista, mas um povo que vive sob a educação belicista TENDE a ser
frio e insensível aos outros, resolvendo suas “diferenças” de bullying
se vingando de ex-colegas e professores omissos tirando-os a vida.
“A violência está sempre presente nas relações sociais duma forma
outra, seja numa briga de bar ou em algum caso de violência doméstica, e
na maioria deles não há a presença das armas de fogo como matriz dessa
mesma forma de violência.”
Como falei, o fácil acesso a compra
de armas de fogo até pela internet e entrega pelo FEDEX, são
facilitadores da ação desses massacres nos EUA. E como havia dito, as
armas de fogo na sociedade americana possuem um objetivo bem diferente
da de outros países que também vendem a população, mas tem um índice de
violência baixíssimo.
Essas foram minha palavras iniciais. Passo a palavra ao meu adversário.
Alonso Prado(Réplica):
O Jadiel na sua exordial elencou uma série de opiniões pré-moldadas
corriqueiras que favorecem a sua postura anti-americanista a qual
suscita certa simpatia de grande parcela do público como se fosse uma
crítica concreta a determinadas políticas internas e especialmente
externas do governo americano.
Entretanto, ele se esquece do
enxergar o outro lado da moeda, e coloca população e governo num mesmo
patamar histórico de forma simplória que beira ao absurdo duma
observação sociológica preconceituosa.
Se o governo, seja de
que país for, adota políticas de proteção de seus territórios e
soberania nacional de forma extensiva qual o problema nisso? Para o
Jadiel a resposta disso passa pela manutenção do domínio econômico
americano, o qual atualmente devido a conjuntura econômica atual não
aponta o EUA como protagonista de
eventos
ligados a essa temática. Esquece-se ele ainda, que o maior cabedal
militar para o uso da máquina de guerra americana é a defesa de sua
soberania e segurança interna, e em segundo plano a instauração duma
ideologia política de democracia nas ações tidas como beligerantes. Vale
citar que a ex-URSS numa comparação direta das políticas de ações
militares inverte o primeiro papel de uso de seu poderio militar para
obtenção do segundo em larga escala.
Isso no remete
diretamente a dois conflitos históricos amplamente conhecidos: A guerra
do Vietnã e invasão do Afeganistão pela ex-URSS, cabendo a questão: O
EUA interveio militarmente buscando manutenção do seu domínio econômico
nesses casos? A resposta é negativa quanto a isso. O EUA usou o seu
destacamento militar visando uma ação de repercussão e de restauração da
ordem política nesses países citados, e, além disso, em especial no
caso do conflito do Vietnã a população americana era em sua maioria
contra tais ações militares, pois ela se desenvolvia diretamente no
campo externo territorial visando restabelecer o plano político livre
destas nações prestando-lhes auxílio militar direto.
Este dado
revela que a cultura da violência não está presente no âmago do povo
americano da forma que o Jadiel tentar emoldurar com rotulações bastante
conhecidas e propagadas pela mídia e críticos do sistema americano.
Há uma distinção clara entre aquilo que o governo opera e o que a
população realmente sente na maioria dos casos. Certamente o meu
oponente irá trazer alguma exceção a estas situações onde o governo e
povo estiveram uníssonos em ir à guerra. Antecipando-se a isso eu cito
aqui os dois eventos históricos onde o EUA lutou em conflitos armados
tendo em vista o seu direito de resposta a uma agressão exterior: A II
Guerra Mundial e Guerra do Iraque.
Quando Pearl Harbor foi
atacada pelos Kamikazes japoneses o Estado americano estava em guerra?
Em absoluto. Quando os organismos terroristas de ideologia
fundamentalista islâmica financiada diretamente pelos governos anti-EUA
no Oriente Médio atacaram o World Trade Center o EUA estava patrocinando
alguma campanha militar contenciosa? Também não. O que houve de fato
nesses casos foi uma resposta a agressão externa plenamente de acordo
com as convenções internacionais de direito internacional que fazem eco a
legislação daquela pátria onde a democracia e liberdade são os pilares
da sociedade. Numa guerra se lutou contra a opressão nazista e na outra
para erradicar o centro de comando das células terroristas que agem
contra os governos do Ocidente, e isso se deu após serem atacados
deve-se destacar.
A questão que resta disso e que não encontra
respaldo na síntese do Jadiel é a seguinte: Onde está a busca do domínio
econômico nesses casos ora citados? Ela simplesmente inexiste. Desta
forma os argumentos trazidos pelo mesmo configuram-se em falácias
pré-moldadas por uma análise tendenciosa de fatos e políticas que
envolvem a história norte-americana.
Não longe disso o Jadiel
citou o contexto do Woodstock onde uma camada social de orientação
heterodoxa pregava o bordão “Faça amor, não faça guerra”. Só que ele
esquece-se de citar Charles Mason, famoso hippie com crenças satânicas
que aliciou jovens que seguiram os pilares do movimento hippie a cometer
crimes nefastos contra pessoas inocentes na Califórnia. Qualquer
semelhança com personalidades a qual nós mesmos temos contato em rede
sociais não é mera coincidência, pois padecem das mesmas formas de
sociopatia e psicopatias motivadas por ideologias idênticas. Espero que o
Jadiel seja ao menos honesto em concordar com esta última observação
fática de que ideologias motivam certas pessoas a cometer atos malignos
contra a sociedade e que o uso de armas de fogo é meio para concretizar
tais ações e não origem de tais manifestações de criminalidade e
desrespeito pela vida humana.
Aqui cabe trazer outra questão
sobre o papel das convicções de ordem ideológica e política que podem ou
não influenciar diretamente as manifestações de violência no EUA.
Sabidamente o Partido Republicano, como organismo político organizado
dentro da lei, é o mais radical em apoiar que cada cidadão defenda-se de
hostilidades utilizando-se de armas de fogo e que o governo priorize
políticas beligerantes externas. Dois aspectos chamam a atenção sobre
isso: As leis dos estados confederados sulistas como Colorado e Arizona
dentre outros, de maioria republicana por sinal, concedem maior
permissividade e acessibilidade para obtenção de armas de fogo,
inclusive de grosso calibre como as usadas nos massacres que temos
conhecimento.
O segundo aspecto é que os presidentes da
dinastia Bush, ambos membros do partido republicano, foram os que
levaram adiante as ações militares contra o Iraque nos últimos vinte ou
trinta anos, sem contar a administração Reagan que municiou de forma
indireta o futuro inimigo Iraque contra o Irã em sua época e que também
municiou o Afeganistão de certa forma, outro inimigo do EUA reconhecido
no contexto atual.
Aqui inegavelmente há uma relação direta
entre conflitos armados, leis internas e políticas externas beligerantes
com o partido que representa uma parcela significativa da população
americana. Todavia, isso torna cada cidadão americano partidário dessa
ideologia política um indivíduo com potencial violento nocivo contra sua
própria sociedade e pátria como nos casos do Colorado?
Espero que o Jadiel se debruce sobre os meus apontamentos em sua réplica
sem perder o bom tom e elegância que lhe são peculiares.
Jadiel Fioravante(Réplica):
Pelo que vi da réplica do Alonso ele se confunde ou mistura uma doença
do consciente coletivo de uma sociedade com uma possível posição
anti-americana, o que não tem nada a ver. Caros leitores, a intenção do
debate é mostrar que a sociedade americana vive em um momento social
alienante e isso reflete no comportamento dos mais jovens, sendo UMA DAS
CAUSAS que desencadeia esses atos de extrema violência, fazendo com que
o país tenha um dos maiores, senão o maior, índice de massacres desse
tipo. Não é um ato terrorista, mas um ato de insanidade por vingança de
desafetos pessoais ou se vingar de uma sociedade que o jovem não mais
acredita e ama. A psicologia do jovem americano está diferente da época
do “paz e amor” e seu comportamento se tornou mais frio e insensível,
parte disso pelo aumento no discurso de potência americana, desc
onfiar
de outras pessoas como espiões ou possíveis agentes de células
terroristas, o crescente apelo pela invasão de outros povos, enfim, esse
lado da política externa americana influencia na sociedade interna, nos
jovens principalmente que recebem uma educação de atacar os seus
“inimigos” e não de conciliação com o diferente. Por isso digo que a
sociedade americana está doente psicologicamente.
Um exemplo
disso é que depois dos ataques de 11 de setembro, os americanos passaram
a odiar os árabes ou no mínimo desconfiar de qualquer estrangeiro, tido
como “suspeitos”. Esse acontecimento os deixaram paranóicos com casos
de suspeitar de qualquer maleta esquecida em algum canto de aeroporto ou
na rua, com medo de ser alguma bomba. Esse clima mexe com o
inconsciente coletivo de uma nação e gera políticas agressivas se
distanciando da empatia e do contato com o outro, principalmente se esse
outro for diferente de você.
Se fizermos uma pequena análise
desses massacres envolvendo adolescentes e armamento pesado em locais
públicos, veremos que o ódio e o desprezo pelas pessoas, muitas das
vezes pessoas conhecidas, são elementos comuns e essenciais.
No caso da escola secundária de Columbine, por exemplo, um dos adolescentes escreveu em seu diário.
"Quando começar a matar, há provavelmente umas 100 pessoas na escola
que não quero que morram. O resto deve morrer", escreveu Eric Harris em
seu diário pessoal, em outubro de 1998.
"Odeio todos por me
excluirem de tantas coisas, e será melhor terem medo de mim", "Ódio!
Estou cheio de ódio e gosto disso. A natureza humana é a morte",
acrescenta.”
Não serei simplista em dizer que a política
externa americana influenciou na atitude desses jovens, por favor, não
entendam isso e até o final do debate espero ter esclarecido esses
pontos. A questão é que entre as causas da intenção desses jovens está o
fato do inconsciente coletivo da sociedade americana viver uma cultura
belicista, de violência e agressora. Adicione esse fato a falta de
estrutura familiar, amparo psicológico, facilidade ao acesso a armas de
fogo e rancor de casos de bullying. Notem que esses ingredientes
aparecem em maior grau nos EUA, mesmo que esses perfis doentios existam
em todo tipo de sociedade.
Parece que o Alonso está negando
que os EUA sejam um país belicista e sua política seja voltada a
manutenção de sua hegemonia global. Vejam que o fato de uma potência ser
defensora de seu status não está errado, é natural, só que o modo como
se emprega essa política gera consequencia tanto externa quanto entre
seus cidadãos. Tanto a guerra do Vietnã quanto o apoio aos talibãs dado
pelos EUA quando o Afeganistão era um país controlado pela ideologia
comunista tinham um interesse em diminuir a influencia soviética nessas
regiões visando o fortalecimento do bloco capitalista. Isso é ensino
primário, não entendo porque o Alonso quis defender que os EUA só
queriam livrar estes países da dominação comunista e lhes dar a
liberdade democrática.
O Alonso ainda trás uma série de
exemplos errados para dizer que os EUA não buscam uma dominação
econômica, rs Se ele descrevesse historicamente todos esses
acontecimentos que enumerou, saberia que o pano de fundo é sempre o
caráter de defesa dos interesses americanos, e como disse não está
errado, mas o modo que se faz essa política reflete no inconsciente
coletivo de sua sociedade. Vejamos, o ataque aos navios dos EUA em Pearl
Harbor é historicamente comprovado que foi forjado pelos próprios
americanos para entrar na guerra, os ataques as torres gêmeas foi
motivado pela política externa americana a favor do estado de Israel e
contra a fundação de um estado palestino. Dizer que o argumento que a
busca pelo domínio econômico por parte dos EUA inexiste é desconhecer
por demais a História.
Só que esse pensamento de poder e
domínio acaba se tornando parte da cultura do povo, um poder frio e um
domínio insensível, onde as pessoas que não coadunam com sua empatia
merecem desprezo e em níveis doentios o seu ódio. Na época dos jovens
hippies, a educação era diferente e não visava a satisfação do amor
egoísta, mas de um pensamento mais coletivo e compreensivo, não víamos
casos de massacre de colégios de crianças por ódio, mas casos de
suicídio coletivo ou grupos ligados a doutrinas religiosas satânicas ou
ufológicas.
Os quatro últimos parágrafos do Alonso em sua
réplica corroboram para minha tese, nisso ele me ajudou e só me resta
responder a questão levantada por ele.
“Todavia, isso torna
cada cidadão americano partidário dessa ideologia política um indivíduo
com potencial violento nocivo contra sua própria sociedade e pátria como
nos casos do Colorado?”
Não, Alonso. Não é cada cidadão
americano partidário dessa ideologia política um assassino em potencial,
mas todo assassino em potencial é influenciado por esta cultura da
violência a levar adiante os seus planos de vingança e loucura.
Encerro aqui minha réplica!
Alonso Prado(Tréplica):
O Jadiel resolveu se tornar psicólogo social ou sociólogo e afirma
categoricamente que a sociedade americana padece - além da evidente
obesidade por consumo desregrado de fritas e hamburger - daquilo que ele
descreve como “doença do consciente coletivo”.
Segundo o
próprio Jadiel a juventude americana é alienada e isso é uma das causas
que gera o extremismo da violência. Com isso o Jadiel parece ter deixado
de lado a sua primeira tese de que a cultura de armas é que leva a
geração da violência social e massacres e agora passa a depositar a
culpa na juventude transviada do EUA. Só faltou ele alegar que jogar
Call of Duty ou Counter Strike é um fator contribuinte para que os
jovens alienados comprem armas e saiam pelos cinemas achando que aquilo
ainda é uma fase bônus do jogo para matar quem quer que seja.
Seria a ú
nica
forma dele buscar correlacionar juventude alienada com armas e ao menos
misturar cultura de armas com juventude que vive numa sociedade hostil e
sempre ameaçada a cada quarteirão por alguma bomba atômica terrorista
como é enredo de games. Para finalizar a sua nova premissa
preconceituosa ele arremata: “Por isso digo que a sociedade americana
está doente psicologicamente”.
Como se não fosse o suficiente o
Jadiel aponta depois disto que existe uma teoria da conspiração com uma
cadeia de fatos baseados em diários desses jovens como se eles fossem
documentos da CIA ou FBI com alto teor de probabilidade de serem
legítimos quanto aos fatos que remetem.
Depois disso a
veemência do Jadiel em vociferar “ad populum” sobre o EUA não cessa e
toma proporções maiores afirmando que a totalidade da cultura e política
do EUA é voltada para a guerra.
O Jadiel parece desconhecer
que a cultura social americana tem raízes em valores conservadores
baseados inclusive na teologia protestante que prega que o trabalho é um
meio digno de vida e que contribuir para o bem estar do próximo até
mesmo aderindo causas sociais é uma maneira de formar uma nação mais
justa e pacífica.
Historicamente são esses os valores que o
povo americano preserva na sua cultura cotidiana independente de classe
social ou faixa etária.
Ante a isso percebam que no começo da
sua réplica o Jadiel se refere a “consciente coletivo” e depois no meio
do seu trajeto argumentativo ele diz que existe uma influencia de
“inconsciente coletivo” sobre a massa social que desestrutura as
famílias e levam a juventude a aderir práticas de agressão escolar até
chegar ao ápice da agressão armada em massacres.
Após isso o
Jadiel envolto em tom agressivo no seu discurso começa a insinuar o
conteúdo das minhas premissas é primário, pois segundo ele mesmo in
verbis: “Parece que o Alonso nega que os EUA sejam um país belicista” e
no final da sua premissa solta um “non sequitur”: “Não entendo porque o
Alonso quis defender que os EUA só queriam livrar estes países da
dominação comunista e lhes dar a liberdade democrática”.
Disso
fica a questão: Se eu nego que os EUA são um país belicista porque eu
fiz questão de dizer que o EUA foram a guerra? Depois disso ele ainda
vai mais a fundo e diz que isso é ensino primário sem saber ele que
Robert McNamara, que era Secretário de Defesa menciona em suas lições
que empatia pelo inimigo e racionalidade não salva ninguém e que deve
haver alguma outra forma de resolver conflitos além da política
diplomática e uma delas é a guerra.
Posto isto, fica fácil
perceber que o Jadiel alterou sua condição inicial de psicólogo para
pedagogo e professor de história, mas sempre mantendo a sua postura
contra o EUA, ao ponto de chegar a dizer sem comprovações sequer
bibliográficas que: “o ataque aos navios dos EUA em Pearl Harbor é
historicamente comprovado que foi forjado pelos próprios americanos para
entrar na guerra”.
As perguntas que se retiram disso são
as seguintes: “Porque o EUA atacaria uma base militar própria visando
entrar na guerra? Seria uma forma de ganhar mais dinheiro? Visto que
segundo o Jadiel o ingresso numa guerra pelos EUA sempre, sempre, sempre
visa manutenção do seu poderio econômico.
Napoleão Bonaparte é
categórico em dizer que para se ingressar numa guerra se gasta dinheiro
e não o contrário disso ao dizer: “Para se fazer uma guerra se
necessita de três coisas: Dinheiro, dinheiro e dinheiro”.
Porque então ingressar numa guerra seria tão vantajoso aos EUA, sendo
que do outro lado estavam sendo disseminados pela Europa inteira o
nazifascismo e holocausto contra os judeus? Isso seriam motivações
históricas menores tendo em vista a cultura democrática e liberdade
americana?
Para o Jadiel a tese é que o EUA ingressa numa
guerra para pilhar e saquear os territórios inimigos e reduzi-los a
economias frágeis e debilitadas no pós-guerra através de políticas de
imposição de indenizações por perdas e danos durante a guerra (as quais
são permitidas por tratados internacionais). Segundo ele não existe
outra motivação fora isso porque o povo do EUA não teria que contribuir
para os esforços de guerra através de tributos compulsórios e com isso –
mesmo contra a lógica – os tornaria mais ricos e poderosos.
Isso revela a visão deturpada do Jadiel sobre a cultura popular do EUA;
pois para ele o EUA são um grande quartel militar de treinamento de
jovens alienados que quando não estão planejando massacres estão em
guerra para exteriorizar a ganância e debilidade mental assassina dum
povo supostamente democrático em outro sentido: O do fazer guerra a todo
custo para expandir a cotação do dollar, petróleo e commodities aos
níveis mais astronômicos ou as quedas mais absurdas para eles poderem
especular economicamente e formarem reservas de riquezas através de
eventos beligerantes.
Jadiel Fioravante(tréplica):
Não é fácil reconhecer em seu adversário características de um bom
jogador, que no caso, são características de um bom duelista, e eu
reconheço isso no Alonso porque ele “pescou” algumas incongruências do
meu argumento, tentou desqualificar minha réplica com falácias e ainda
desvia o assunto para questionamentos da história dos EUA.
Vamos analisar essas partes citadas por ele então. Primeiro, realmente
ora eu escrevo em “consciente coletivo”, ora “inconsciente”, porém para o
argumento que defendo as duas palavras fazem sentido se o leitor não
tomar no sentido freudiano ou psicanalítico. A questão é mostrar que uma
cultura fica enraizada no comportamento do seu povo a ponto de agir no
inconsciente coletivo como por exemplo a data da independência da
república, criou-se a cultura de se celebrar esta data como uma data
simbólica
e assim todo o dia 7 de
setembro, todos os brasileiros, coletivamente, já sabem do significado
da data, mesmo que não tenham frequentado as salas de aula, mas em
alguma época da vida já devem ter visto o desfile cívico ou as
fanfarras. Assim como o Carnaval no Brasil é uma cultura já enraizada no
inconsciente coletivo do povo brasileiro. A cultura de uma nação acaba
fazendo parte das ações de seu povo.
Segundo ponto contestado pelo Alonso foi as possíveis falácias.
“Depois disso a veemência do Jadiel em vociferar “ad populum” sobre o
EUA não cessa e toma proporções maiores afirmando que a totalidade da
cultura e política do EUA é voltada para a guerra.”
Essa
afirmação não é um “ad populum” de mais um anti-americano, como o Alonso
quer passar a minha imagem para os leitores, mas de dados sobre gastos
militares. O orçamento dos EUA em gastos para guerra, tanto em
tecnologia, armas e treinamento superam todos os demais países. Além do
que atualmente, os EUA financiam a guerra do Afeganistão, Iraque e
Líbia, essas são os financiamentos oficiais, contabilizados e públicos.
Então, não é uma afirmação preconceituosa quando digo que os EUA são um
país belicista, mas amparado por dados e fontes estatísticas achadas em
todas as pesquisas do google.
Terceiro ponto é tentar desviar o
foco do tema do debate. Não estamos tratando se Pearl Harbor foi ou não
um ataque fajuto para os EUA poder entrar na guerra, ou quais são as
intenções da potência mundial ao participar de um conflito
internacional, se são econômicas, política ou as duas coisas. O debate é
a consequencia no comportamento dos cidadãos estadounidenses vivendo em
um país cuja política é armamentista e voltada a manutenção de seu
status quo de potência econômica mundial. Para mim, o alto índice de
casos de massacres violentos como o ocorrido no cinema do Colorado
reflete essa cultura. Notem senhores, que sempre deixei claro que NÃO é
apenas isso, mas é um fator IMPORTANTE para desencadear casos assim.
Em países onde as armas também são facilmente comercializadas, não
vemos casos de massacres em locais públicos e também os índices de
mortes violentas são bem menores do que nos EUA. São exemplos, Alemanha,
França, Japão, Reino Unido e especialmente o Canadá.
Nestes
países o objetivo de um cidadão possuir um rifle é para prática
esportiva e recreativa e uso em último caso para defesa pessoal, já nos
EUA o propósito é defesa dos interesses pessoais, seja bem material ou a
própria vida. Além da sociedade americana, como venho argumentando,
possuir uma mentalidade de medo, consequência dos episódios terroristas,
e viver uma política que alimenta a violência.
Não questiono
os fatos em si, os motivos para política externa americana ser
belicista, ou os motivos do porte de armas ser tão acessível a ponto de
adolescentes e crianças poderem comprar, mas as consequencias disso. E
busco correlacionar os massacres com essa política e educação
facilitadora de ações tão brutais.
Abaixo relaciono alguns dos atentados recentes nos EUA, lembrando que é o país com maior índices de atentados do tipo.
No dia 5, um atirador entrou em um templo sikh (religião monoteísta
indiana) nas cercanias de Milwaukee, no Estado americano de Wisconsin, e
matou seis fiéis antes de se suicidar. O ataque foi feito na manhã de
um domingo, durante uma cerimônia religiosa. Segundo o FBI (Birô Federal
de Investigação, em inglês), o ex-militar Wade Michael Page disparou
contra si mesmo na cabeça após um policial de Oak Creek ter atirado em
sua barriga para evitar que ele continuasse a matar os fieis.
Em 20 de julho, o ex-estudante James Holmes, 24, entrou armado em um
cinema de Aurora, subúrbio da cidade de Denver (Colorado), e disparou
contra a plateia, matando 12 pessoas e ferindo outras 58 durante a
pré-estreia do filme "Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge".
2012
2 de abril Um coreano de 43 anos mata sete pessoas na Universidade
Religiosa de Oikos (Califórnia), antes de se entregar à polícia. O
atirador assassinou metodicamente suas vítimas depois de alinhá-las
contra um muro.
2011
7 de agosto Um homem matou sete
pessoas, incluindo um menino de onze anos, antes de ser morto pela
polícia em laCopley Township, no nordeste do Estado de Ohio.
12 de
outubro No balneário de Seal Beach, na Califórnia, um homem, que tinha
problemas com sua ex-esposa pela custódia do filho, abre fogo no salão
de cabeleireiros onde ela trabalhava, deixando oito mortos.
2010
3 de agosto Um homem que tinha problemas com seus empregadores mata
oito colegas em uma empresa de distribuição de cerveja em Connecticut,
antes de suicidar-se
*
2009
3 de abril O vietnamita Jiverly
Voong, 42, disparou 98 vezes em aproximadamente um minuto em um ataque
no prédio da organização de atendimento aos imigrantes em que estudava
inglês, na cidade de Binghamton, em Nova York. No ataque, 13 pessoas
foram mortas além do próprio atirador, que se suicidou ao final da ação,
com um tiro na cabeça. entre as vítimas, está um professor brasileiro.
29 de março Robert Stewart,45, disparou contra pacientes de uma clínica
especializada em idosos com o Mal de Alzheimer, em Carthage, pequena
cidade da Carolina do Norte. Oito pessoas morreram na tragédia: um homem
de 98 anos, quatro mulheres na casa dos 80 anos, duas pessoas com cerca
de 70 e uma enfermeira.
10 de março Homem mata nove pessoas --entre
elas sua mãe e outros quatro parentes-- em uma série de ataques e
depois se suicida no sul do Estado do Alabama.
A lista é
enorme, mesmo que temos casos como o atirador da Noruega que matou 77
pessoas e o massacre da escola de Realengo, os EUA superam os índices de
casos do tipo. E notem que os motivos são fúteis e a maioria segue o
suicídio. A tese que as políticas externas de guerras, já que não existe
guerra civil desde a Guerra de Secessão, alimenta uma cultura de
violência interna, aliado ao alto grau de individualismo, visto os
motivos fúteis dos assassinos e desordens mentais graves como
psicopatias são causas do alto índice de atentados do tipo e mortes
violentas, é bastante forte e até agora o meu adversário não mostrou a
que veio. Ele tenta desviar o foco do debate para questionamentos
históricos e nega os fatos incontestáveis por números de que os EUA são
uma nação belicista e não apresenta um argumento convincente de que
políticas externas e uma educação voltada para a violência possa trazer
influencia aos cidadão do país.
Encerro minha tréplica. Obrigado a todos.
Alonso Prado(Considerações Finais):
Segundo a compreensão e perfil histórico sobre cultura e política dos
EUA existe uma nítida semelhança entre esta nação a condição que o
Império Romano dispunha como centro político, cultural e militar, cada
qual em sua época.
Em ambas as situações se encontram o uso da
máquina de guerra para expansão de sua cultura e influencia política,
mas o que os difere é que o poder econômico de um (EUA) se centraliza
nas condições macro-econômicas internas e não da exploração externa de
meios como foi realizado por Roma e depois em período histórico adiante
pelos países absolutista colonizadores.
Serve para este exemplo
Espanha e Portugal, que infiltraram de certo modo sua cultura e poder
político para explorar outros países, ao contrário do papel
preponderante americano que de colônia passou a ser uma nação calcada
em fundamentos de democracia e liberdade e desde então passou a gerir o
seu Estado e relações internacionais com fulcro nesses parâmetros.
A diferença crucial é basicamente que os EUA não estabelecem relações
de exploração predatória contra seus supostos inimigos, mesmo quando
adjunto com seus aliados na era moderna, mas sim mantém a manutenção das
relações de livre iniciativa comercial com determinados países como
parceiros comerciais com forte papel de assistência política e
diplomática, fato que leva a crer que isso é uma forma de usar eventos
como as guerras como o único meio de impor seu poderio no campo
econômico intentando exclusivamente a manutenção do poder econômico
americano.
A segunda parte dessa síntese é evidenciação duma
falácia bastante difundida nos países como o Brasil de orientação
política baseada na esquerda socialista, que por sua vez, faz com que
haja um preconceito natural com o discurso e ações americanas ao redor
do mundo, em especial quando se trata de guerras. É nesse preconceito e
aceitação de teses anti-americanistas e fundadas no argumento que: “Os
EUA usam a guerra para manutenção do seu poderio econômico” é que se
baseia todo o discurso do oponente de forma unilateral e tendenciosa sem
avistar de forma clara o outro lado da moeda.
Isto posto, fica
evidenciado que a tese do oponente carece de melhores fontes e
pesquisas mais aprofundadas sobre a história e formatação da política
interna e externa dos EUA, tanto no campo econômico como na esteira da
política de guerra desta nação.
Quanto aos aspectos culturais a
tendência de taxar a cultura americana de violenta capaz de gerar de
forma condicional eventos como os massacres de Aurora e Columbine também
resta descabida, pois notoriamente obedece ao mesmo pavimento
tendencioso da esquerda socialista propagado na manipulação de
pensamento ao qual o oponente se rende ficando impedido de perceber que
os massacres estão mais ligados com diversas formas de psicopatologias
como a psicopatia do que necessariamente a uma ambiente de propagação de
uso de armas.
Muitos países tem a cultura de permissividade de
uso de armas de fogo, como o Brasil, embora se faça campanha
governamental para coibir essa mentalidade de alguma forma através de
organismos sociais ditos independentes pela paz e segurança. Diante
disso, nesses países não existe alto índice de massacres realizados por
civis contra civis, e sim o contrário disso, existe um alto índice de
massacres de autoridades armadas e grupos fora da lei contra civis
desarmados como chacinas policiais que ao invés de atingir delinquentes
perdem o foco e agridem a sociedade civil, bem como grupos criminosos
levam a cabo o mesmo fato.
No EUA as armas estão tanto nas
mãos do Estado quanto nas mãos dos cidadãos duma forma ou outra. No
Brasil, por exemplo, se inverte drasticamente essa condição e existe uma
proliferação de grupos armados sejam legais ou ilegais como os comandos
criminosos paulistas e cariocas que atingem a sociedade desarmada e
incapacitada muitas vezes de auto defesa. Percebe-se que manter as armas
de fogo apenas nas mãos das autoridades impede que o cidadão esteja
realmente protegido, pois as autoridades não tem competência extrema
para zelar do bem estar social em diversas situações onde o cidadão é
atacado sem ter como se defender.
O contraste disso é que
tanto a sociedade dos EUA como a brasileira são inegavelmente violentas
do ponto de vista de uso de armas de fogo em eventos violentos e
ceifadores da vida humana, mas em nenhum deles há altos índices ou casos
em série de massacres de civis armados contra civis. De acordo com
isso, não existe um efeito social ou cultural imediato que resulte em
massacres, mas sim outra causa, sendo a mais aparente e dominante
segundo estudos a das psicopatias individualizadas que ocasionam
massacres de pessoa contra pessoas como os casos do Colégio do Realengo e
massacres de Aurora e Columbine. As estatísticas e fundamentos são
claros e apontam para isso.
Com base nisso ficam nítidos
que o discurso do Jadiel é basicamente tendencioso e parcial ao ponto de
tentar fazer muitos aderirem a tese que a sociedade americana é vítima
duma cultura de guerra e violência que é implantada para manutenção do
“american way life” fundado no ponto de vista econômico, quando na
verdade se trata apenas duma questão de segurança social interna e de
manutenção da soberania nacional diante de agressões estrangeiras
armadas contra a liberdade humana.
Encerro por aqui a minha
participação nesse debate, e agradeço o Jadiel pelo alto nível da
discussão e cordialidade, e em especial aos leitores deste debate pelo
tempo e apreciação dos argumentos de ambos os debatedores.
Jadiel Fioravante(Considerações Finais):
Lendo as Considerações Finais do meu oponente, percebo uma drástica
mudança no rumo como ele abordou o tema, tanto no modo de escrever
quanto na forma de que trata seus argumentos. Até parece outra pessoa no
debate, ou justo em sua última “fala” notou como estava enganado em
seus argumentos anteriores. Os leitores perceberão a mudança drástica de
linguajar e de tratamento que ocorreu.
Pois bem, o meu
oponente continua batendo na tecla de que os EUA não são um país que
impõe sua política e economia de forma bélica no mundo e que esse
pensamento não passa de intrigas de esquerdopatas. Como disse antes, o
tema do debate não é esse, ou seja, o (s) interesse (s) da participação
dos EUA em guerras e conflitos em outros países. Sabemos, porém, que os
EUA possuem o maior gasto em material bélico no mundo, que part
icipa
atualmente da invasão do Afeganistão, Iraque e Líbia, além de apoiar
indiretamente outros conflitos, como o da recente Síria. Não podemos
negar que seja uma nação belicista, e mesmo que o conselho da ONU não
aprove as intervenções militares, os EUA seguem com seu plano de ataque.
Se os interesses do mesmo são de ideais libertários ou se econômicos,
isso não vem ao caso. O que importa é o caráter de ocupação e domínio de
forma violentamente impostos pelos EUA e isso já os caracterizam como
dominadores.
Uma nação de dominadores, que violam as decisões
do conselho da ONU para ocupar militarmente um país ou região. Essa
política que acaba formando uma diretriz, uma modelo de se pensar
através da mídia, do cinema, da literatura e de toda forma de educação
influencia no comportamento da população. É o que chamei de
“inconsciente coletivo”. Acaba fazendo parte do cidadão o pensamento de
defesa a qualquer custo, sem pensar na gravidade ou na intensidade do
seu ato de defesa. É mais do que possuir uma arma de fogo, vai muito
além. O cidadão americano educado nesse paradigma belicista acaba por
disparar uma arma de fogo sem a menor chance de pensar sobre outros
meios de defesa menos violento ou até mesmo entre a possibilidade de
fugir ou atirar, ele preferirá atirar e se possível para matar. Os altos
índices de crimes violentos evidencia que o comportamento do cidadão é
para matar o seu agressor e não para imobilizá-lo ou afastá-lo. Estão
vendo, caro leitores, é esse tipo de comportamento que diferencia os
índices de homicídios nos EUA do restante dos países com legislação
semelhantes quanto ao uso de armas de fogo. Não é o fato de se portar
uma arma, mas o uso racional dela. Essa é a diferença, enquanto um
europeu ou canadense usa para imobilizar o agressor, o americano já
utiliza para matar, o que explicaria os índices de crimes violentos.
O Alonso insiste em ignorar que os EUA são o país com maior número de
casos de massacres entre civis, e com características semelhantes, os
autores são jovens, se sentem isolados e humilhados socialmente, com
pensamentos violentos, tanto em conversas registradas, cartas, diários,
ou até mesmo expondo esse comportamento agressivo com psicólogos e
professores dos locais do massacre, e acesso a armas e explosivos. A
pergunta que fica é: “Se esses eventos foram tão somente de origem
psicopatológica, como o Alonso tanto acredita, por que não temos esses
casos em mais países? Será que os EUA concentram a maior parte dos
psicopatas do mundo?”
Não, meu caros leitores. Tanto nos EUA
quanto no Brasil ou qualquer outro país do globo existem psicopatias
individualizadas, como escreve o Alonso, porém o maior número de casos
se concentra em um país devido a cultura de violência de seu povo, um
ambiente propício para alimentar pessoas com essa predisposição a seguir
em frente com seu plano de vingança pessoal. Vingar as humilhações e
deboches que um dia sofreram naquele ambiente escolar ou universitário
ou simplesmente entrar em uma sala de cinema no dia da estréia de um
filme super aguardado para ser noticiado e ganhar notoriedade, além de
tirar a vida de pessoas que talvez o achassem um derrotado na vida. Em
uma cultura onde o medo e a violência predominam qualquer motivo pode se
tornar válido para justificar a minha defesa. A defesa pessoal da honra
e do ódio.
Enfim, encerro este debate na esperança de ter
levado a todos os leitores a reflexão. Aqueles que lidam com
adolescentes em ambientes de grupo, seja colégios, clubes ou igrejas,
que possam identificar esses comportamentos e fomentar a cultura do
respeito e da conciliação, não querendo tirar o direito de defesa, mas
saber dosar a intensidade de todos os nossos atos. Por que usar uma
foice se eu posso usar um canivete? Essa é a proposta. Por que atirar
para matar se eu posso imobilizar? A atitude passa por toda uma cultura e
educação que direciona para uma ou outra ação.
Agradeço ao Alonso e a todos aqueles que acompanharam este debate.